domingo, 10 de julho de 2011

[FIC]A Prostituta-Cap03


A oferta

Hinata passou uma semana naquele sofrimento, rezava e chorava, não comia mais e andava atordoada. Um dia o professor a liberou mais cedo da aula, e por coincidência a garota não se sentia muito bem. Decidiu ir andando pra casa, no trajeto começou a sentir dores fortes na barriga, pontadas horríveis até que em um determinado momento não aguentou mais e caiu no chão encostada em um muro.

Estava um dia triste, nublado assim como seus sentimentos. Olhou para baixo, viu que a saia de colegial que usava estava empapada se sangue. Muito sangue escorria pelas suas pernas, as pessoas que passavam a olhavam com reprovação, medo ou terror se afastando por mais que ela dissesse:

- Por favor, me ajudem!

Mas no fundo ela sabia por que não ajudavam, era óbvio o que estava acontecendo. Hinata estava tendo um aborto. O que ela não sabia era que as pessoas achavam que ela tinha provocado aquilo, quando na verdade não havia feito nada, era espontâneo.
A menina não parava de sangrar, cada pontada era mais forte que a outra. Achou que fosse morrer ali naquela rua imunda quando de repente uma mulher se aproximou e abaixou:

- Calma menina, não precisa ter medo, eu vou te ajudar a ir até o hospital.

A moça ajudou levantá-la, a amparou levando Hinata até um carro. Não era um carro luxuoso como o do seu pai ou do irmão mais velho, que agora era maior de idade e podia dirigir. Mas se sentiu grata á moça apesar de estar sujando todo o carro. Como o prometido, a mulher a levou até o hospital mais próximo, disse para o médico que a menina era sua irmã. O médico então a levou e a atendeu. Realizou vários procedimentos em Hinata, então a moça perguntou assim que pôde entrar no quarto:

- E então doutor, como ela está?

O médico olhou para as duas e disse:

- Ela vai ficar bem, mas teve um aborto espontâneo, não conseguimos salvar a criança. Felizmente conseguimos conter a hemorragia e ela não vai ficar com sequelas. Vejo que ela é menor de idade, onde estão os pais da menina?

Hinata olhou com olhar de desespero para a moça que entendeu logo que os pais da menina não sabiam sobre aquela gravidez e disse:

- Eu sou tudo o que ela tem. É a minha irmã mais nova.

O doutor não acreditou muito nas palavras da moça, mas como ela já era conhecida dele disse:

- Sei. Bem nesse caso então darei alta a jovem, mas ela deve ficar de repouso, evitar ter relações sexuais nos próximos 15 dias. Também vou receitar alguns remédios pra tomar durante esse período.

A mulher sorriu e agradeceu:

- Muito obrigado doutor.

Hinata também olhou para a moça muito agradecida:

- Puxa senhora, muito obrigada, eu... Não sei como agradecer.

A menina estava mesmo muito triste e abatida, mas apesar disso ficou aliviada com aquele aborto espontâneo e este alívio também lhe causava certa culpa:

- Tudo bem menina, mas não me chame de senhora. Meu nome é Anko. E o seu?

Hinata olhou para a moça forçando um sorriso meio amarelo. Não iria mentir pra ela é claro, a moça realmente parecia disposta a ajudar:

- Eu me chamo Hinata.

Anko acariciando o rosto da menina disse:

- Hinata, que tal me contar o que aconteceu com você? Não se preocupe, não contarei nada a ninguém. Sou a última pessoa que pode te julgar.

Diante do toque delicado daquela mulher em seu rosto e daquele tratamento tão doce, a menina deixou que lágrimas escorressem de seus olhos. Pela primeira vez na vida sentiu que poderia desabafar com aquela estranha que a havia ajudado. Já havia aguentado demais aquele peso sozinha e Anko lhe transmitia confiança:

- Eu não quis isso. Foi o meu irmão e os amigos dele, sempre fizeram isso comigo desde que eu tinha 12 anos, eles me obrigam a fazer coisas e me batem se eu não obedecer. Meu pai não acredita em mim porque sou uma péssima filha...

E então não conseguiu dizer mais nada porque soluçava demais.

Anko a abraçou comfortando-a enquanto acariciava os cabelos de Hinata:

- Isso criança, chore, vai lhe fazer bem. Olha, sei que isso não vai lhe servir de consolo, mas quero que saiba que você não é a única.

Quando se afastou da menina, Hinata percebeu que a moça também chorava:

- Não?

Anko então a encarou e também decidiu se abrir:

- Não. Aconteceu à mesma coisa comigo, só que foi um professor. Ele me violentou e minha mãe não acreditou em mim, achou que eu tivesse inventado porque tirava notas baixas com ele. Acabei fugindo de casa porque não vivia feliz com uma mãe que não acreditava em mim e me batia. Por isso entrei nessa vida.

Hinata piscou os olhos sem entender o que Anko queria dizer com isso, já que era inocente:

- Como assim Anko-san?

A moça olhou sério para a menina:

- Hinata-chan, sei que o que vou falar agora pode chocá-la, mas acontece que eu sou uma prostituta. Vendo meu corpo em troca de dinheiro. Sei que não é um trabalho honrado, mas é honesto, mas pelo menos consigo viver e pagar minhas contas sem ter que sofrer humilhações e nem abusos de ninguém.

A menina ficou um pouco chocada com o que a moça dizia, decidiu ficar em silêncio. Era difícil acreditar que uma moça tão boa, tão bonita pudesse ser uma meretriz. Mas então deu uma olhada nas roupas de Anko, os decotes eram um pouco exagerados. Anko tinha os seios fartos, as pernas firmes. Os cabelos cacheados muito bem presos em um rabo de cavalo. A mulher percebendo que a menina estava em silêncio prosseguiu:

- Sabe menina, sei que é uma decisão difícil para se tomar, mas quero te fazer um convite. Não vou mentir pra você dizendo que é uma vida fácil, se deitar com homens que ás vezes não desejamos, alguns são violentos e também nos humilham. Também é um trabalho perigoso. Mas para pessoas como nós que de qualquer jeito têm que se sujeitar isso talvez seja uma opção melhor. Pelo menos é melhor vender o corpo na rua do que passar pelo que você passa em casa. Por isso se você quiser, eu te levo pra minha casa. Deixo você ficar lá de graça durante os 15 dias em que vai precisar de repouso depois poderá trabalhar nas ruas junto comigo. O chefe é gente boa, mais humano do que muitos por aí...

 Hinata ficou pensativa por um tempo. Não queria ser uma prostituta por mais que odiasse a vida que levava. Sabia que a vida das prostitutas não era mole e que elas eram discriminadas por muitas pessoas. Era vergonhoso, mas não queria ser indelicada com a moça que a havia ajudado e sofrido tanto quanto ela:

- Puxa muito obrigado pelo convite e também pela ajuda, mas não quero trabalhar como prostituta Anko-sama. Desculpe.

Anko no fundo já esperava por isso. Afinal a menina era rica e talvez não fosse mesmo a melhor opção para ela. Apenas ajudou a levantar-se da cama para se vestir e disse:

- Não precisa se desculpar criança. Eu te dou uma carona até sua casa, e também te empresto algumas roupas que tenho no carro.

Mais uma vez a menina agradeceu e Anko lhe deu uma carona até a esquina de casa. Ainda no carro pegou um papel e anotou o número de seu telefone e o endereço:

- Hinata-chan. Aqui está o número do meu telefone e endereço, caso você mude de idéia. Saiba que será sempre bem vinda. Mas independente disso pode contar comigo caso precise de ajuda. Hinata pegou o número do telefone e guardou no bolso da camisa do uniforme.

Então se despediu de Anko e saiu do carro caminhando em direção a casa. 



Fim do Capitulo'


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